Por que escrever?

As palavras me surgem a partir de pequenos arrebatamentos diários. Podem ser dores, pode ser algo que me emociona, pode ser apenas um instante, um gesto de alguém, uma imagem. Pode ser uma raiva, uma aflição coletiva. Tem a ver com meu relacionamento com os outros e com o mundo. De alguma forma, eu preciso colocar essas coisas que me tocam nas palavras, muitas vezes de forma urgente.


Mas depois (ou ao mesmo tempo) que elas surgem, para mim há uma necessidade de construir elos também entre essas palavras e o mundo. Conectar esses sentimentos descritos com leitores. Esses leitores criarão laços com a minha escrita? Encontrarão dentro de si algo que os identifique com minhas palavras? Sentirão coisas completamente distintas daquelas emoções que geraram as palavras em mim? A curiosidade de ver esses elos se construindo também me move.


No final, o que se constrói em um único poema pode ser uma grande teia de laços. Do mundo comigo, de mim com as palavras, delas com o mundo. Esta mágica rompe um sentimento muito comum nos dias de hoje: de não pertencimento, de isolamento, de não ver o outro, de individualismo. A mágica das palavras é necessária para que eu me conecte de todas essas maneiras com o mundo, e para que tantos outros se conectem. A poesia é absolutamente necessária e coletiva.

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